Violência contra mulheres causa epidemia global de saúde, diz OMS

Mais de 1/3 das mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual. Dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde.

Mais de um terço de todas as mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual, o que representa um problema de saúde global com proporções epidêmicas, aponta um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quinta-feira (20).
A grande maioria das mulheres sofre agressões e abusos de seus maridos ou namorados, além de ter problemas de saúde comuns que incluem ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças mentais, diz o relatório.
"Esta é uma realidade cotidiana para muitas, muitas mulheres", disse Charlotte Watts, especialista em política de saúde na Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres e uma dos autores do relatório.
O relatório, uma coautoria de Watts e Claudia Garcia-Moreno, da OMS, concluiu que quase dois quintos (38%) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus parceiros, e 42% das mulheres que foram vítimas de violência física ou sexual por parte de um parceiro sofreram lesões como consequência.
O relatório constatou que a violência contra as mulheres é uma das causas para uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, à depressão e transtornos de saúde mental.
As mulheres que sofrem violência de seus parceiros são mais propensas a ter sífilis, clamídia ou gonorréia. E mulheres de algumas regiões, incluindo a África sub-saariana, têm quase duas vezes mais probabilidade de serem infectadas com o vírus da Aids, diz o relatório.
Orientação e ajuda às vítimas
A OMS está emitindo orientações para os profissionais de saúde sobre como ajudar as mulheres que sofrem violência doméstica ou sexual. Eles salientam a importância em treinar os profissionais de saúde para reconhecer quando as mulheres podem estar em risco de ser agredida pelo parceiro e saber como agir.
Em um comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que a violência causa problemas de saúde com "proporções epidêmicas", acrescentando: "os sistemas de saúde do mundo podem e devem fazer mais pelas mulheres que sofrem violência."